Polegar em gatilho congênito
O dedo em gatilho congênito é uma causa frequente de preocupação para os pais. Caracteriza-se por uma postura de flexão de um ou mais dedos (o mais comum é o polegar), observada geralmente após os 6 meses de idade, mas pode ser diagnosticada mais tardiamente, com 1 ou 2 anos de idade.
O polegar em gatilho congênito é 10 vezes mais comum do que o gatilho de outros dedos na infância. É bilateral em 25-30% dos casos.
Ocorre devido a um espessamento do tendão flexor (tenossinovite), ao nível imediatamente proximal à polia A1, estrutura osteofibrosa que mantém o tendão centralizado. Esse espessamento muitas vezes pode ser palpado como um nódulo na região palmar da base do polegar, que chamamos de nódulo de Notta.
Com esse espessamento, o tendão tem seu deslizamento prejudicado e a criança passa a adotar uma postura de flexão do polegar e ter seu desenvolvimento manual comprometido. Geralmente é indolor.
Vamos entender um pouco mais sobre o Dedo em Gatilho Congênito?
Como diagnosticar o dedo em gatilho na criança?
Apesar do termo “congênito”, o dedo em gatilho costuma se desenvolver após o nascimento, sendo percebido pelos pais geralmente após os 6 meses, até em torno dos 3 anos de idade. Crianças maiores também podem desenvolver, apesar de menos comum.
O diagnóstico é pela observação e palpação pelo ortopedista especializado em mãos no consultório. A criança se apresenta com o polegar (ou outro dedo) mais fletido do que o normal, com uma certa resistência à tentativa de extensão. Podemos complementar com um exame de imagem, como a ultrassonografia.
Existem várias fases do polegar em gatilho congênito, que podem ser classificadas da seguinte forma:
Classificaçao de Sugimoto:
Tipo 1 – nódulo palpável na base do polegar (nódulo de Notta) – sem travamento ou gatilho propriamente dito
Tipo 2 – sensação de engatilhamento ao tentar extender ativamente a interfalangeana do polegar
Tipo 3 – travamento em flexão da interfalangeana do polegar, possível de corrigir passivamente pelo médico ou pelos pais
Tipo 4 – travamento fixo da interfalangeana do polegar, não sendo possível corrigir pelo médico ou pelos pais
Como tratar o polegar em gatilho congênito?
O médico ortopedista cirurgião de mão é o especialista mais adequado para acompanhamento e tratamento do dedo em gatilho na infância.
Primeiramente devemos considerar que até 30% dos casos diagnosticados antes de 1 ano de idade apresentam resolução espontânea!
Por isso, geralmente iniciamos com o tratamento conservador, que é a realização de exercícios de flexão feitos pela própria mãe após orientação médica e da terapeuta ocupacional.
Quando operar o polegar em gatilho congênito?
Há indicação cirúrgica nos casos que não melhoram com tratamento conservador ou que sejam dolorosos (geralmente o tipo IV da classificação de Sugimoto).
Geralmente esperamos até completar 1 ano de idade. Mas podemos esperar até os 3 anos se for um caso mais leve.
A cirurgia é realizada com um pequeno corte na base do polegar, para liberação do tendão que está “aprisionado” na polia A1.
A recuperação costuma ser rápida e os pontos caem espontaneamente em aproximadamente 10 dias.
Dr. Lucas Macedo
CRM SP 178413