Artrose da base do polegar: Rizartrose

Como vimos anteriormente no artigo “Dor nas juntas dos dedos – Pode ser artrose!”, a degeneração da cartilagem articular na mão é bastante frequente. Quando acomete especificamente o polegar, recebe um nome especial – RIZARTROSE.

Neste artigo, iremos abordar a causa, a epidemiologia, as fases da Rizartrose e também vamos falar sobre os pilares do tratamento dessa patologia tão frequente.

O que é Rizartrose?

A Rizartrose é a artrose da articulação entre o osso trapézio e a base do 1º metacarpo. Em outras palavras a Rizartrose é um desgaste articular da base do polegar, local de grande mobilidade e que permite movimentos de pinça entre o polegar e os demais dedos. Por isso, a dor ao realizar movimentos com o polegar é algo que traz muita limitação ao dia-a-dia e pode ser um sinal que você está com Rizartrose.

 

O que provoca a Rizartrose?

- A Rizartrose é mais comum em mulheres acima dos 50 anos mas pode ocorrer em qualquer gênero e em qualquer idade.

- A artrose da base do polegar é causada por um uso excessivo dessa articulação, mas pode ter influência de fatores hormonais, genéticos, hereditariedade e outras condições clínicas, como por exemplo a artrite reumatóide. É também muito comum a associação da Rizartrose com a Síndrome do Túnel do Carpo, uma outra doença relacionada a esforços repetitivos – ver artigo sobre “Síndrome do Túnel do Carpo”.

- Por ser uma articulação de muita mobilidade e muito utilizada para preensão e realização de movimentos delicados, sofre desgaste um pouco mais precocemente do que outras articulações da mão.

- No passado, esteve associada a ocupações que utilizam a pinça do polegar de forma muito repetitiva como dentistas, cirurgiões, costureiras, artesãos, dentre outras profissões. Porém, atualmente, devido ao uso abusivo de celulares, os quais são bastante manipulados com os polegares, temos observado maior quantidade de casos da Rizartrose nas mais diversas atividades ocupacionais e em pessoas cada vez mais jovens.

Uso excessivo do polegar como uma pinça pode causar o desgaste da articulação entre o trapézio e o 1º metacarpo (Rizartrose).

Quais são os sintomas da Rizartrose?

- O principal sintoma da Rizartrose é a dor localizada na base do polegar, que piora ao tentar pegar objetos, fazer movimento de pinça e à palpação do local.

- Essa dor pode ser bastante limitante e impedir a pessoa de realizar diversas atividades básicas, como escovar os dentes, segurar talheres, digitar ao celular, segurar crianças pequenas no colo e outras atividades que requeiram uso da pinça.

A dor na base do polegar pode aparecer em diversas atividades do dia-a-dia

(OBS - usamos o movimento da pinça para quase toda manipulação, mas muitas vezes só percebemos isso quando a articulação está com dor)

- Além da dor pode haver deformidade da base do polegar nos casos mais graves e subluxação articular, o que dificulta mais ainda a função manual.

Quais são as fases da Rizartrose?

A Rizartrose pode ser classificada em 4 tipos, de acordo com as radiografias, pela Classificação de Eaton:

Grau I – APENAS UMA INFLAMAÇÃO (SINOVITE) ENTRE O TRAPÉZIO E O 1º METACARPO, SEM ALTERAÇÃO ANATÔMICA SIGNIFICATIVA NA RADIOGRAFIA.

Grau II – LEVE DIMINUIÇÃO DO ESPAÇO ARTICULAR ENTRE O TRAPÉZIO E O 1º METACARPO, COM PEQUENOS OSTEÓFITOS (OSSOS IRREGULARES).

Grau III – MODERADA DIMINUIÇÃO DO ESPAÇO ARTICULAR ENTRE O TRAPÉZIO E O 1º METACARPO, COM OSTEÓFITOS GRANDES (MAIORES QUE 2MM).

Grau IV – ARTROSE DE OUTRAS ARTICULAÇÕES, COMO ENTRE ESCAFÓIDE-TRAPÉZIO E TRAPÉZIO-TRAPEZÓIDE.

 

- É importante ressaltar que muitas vezes observamos uma dissociação clínico-radiológica, ou seja, nem sempre a dor vai ser maior nos tipos mais avançados e, portanto, a classificação não deve ser usada isoladamente como critério de tratamento ou acompanhamento.

Como fazer o Diagnóstico?

- O diagnóstico da Rizartrose é clínico através do exame físico realizado pelo ortopedista cirurgião de mão e pode ser confirmado com as radiografias simples. Em alguns casos, quando o raio x estiver normal e a suspeita clínica persistir, a Ressonância Magnética pode ajudar, ao identificar a sinovite presente nas fases mais iniciais.

Como tratar Rizartrose nas mãos?

- O tratamento começa com uma boa orientação sobre a doença para que o paciente faça um uso mais consciente da mão, evitando usar força nos movimentos de pinça e protegendo assim a articulação de um desgaste ainda maior.

- O uso de medicamentos para controle da dor pode minimizar os sintomas, mas a proteção articular com as órteses (talas específicas) e os exercícios de fortalecimento com os profissionais da Terapia Ocupacional são os pilares do tratamento.

- Em alguns casos, podemos utilizar infiltrações articulares com corticóide ou ácido hialurônico.

- Em casos muito avançados ou que não respondem ao tratamento conservador, indicamos a cirurgia, que costuma ter bons resultados.

- Existem várias técnicas cirúrgicas, mas as mais utilizadas envolvem a trapezectomia (ressecção parcial ou total do osso trapézio) associado a suspensoplastia (técnica que utiliza algum enxerto de tendão do próprio paciente ou sintético para dar suporte ao 1º metacarpo após excisão do trapézio).

 

PERGUNTAS FREQUENTES – FAQs

1Como prevenir a Rizartrose?

- A Rizartrose, por ser uma doença de sobrecarga mecânica, pode ser prevenida com imobilização articular e fortalecimento específico de grupos musculares nas mãos, principalmente musculatura tenar.

- Estudos mostram que exercícios físicos regulares e boa alimentação são fatores protetores para desenvolvimento de artrose nas mãos incluindo a rizartrose.

- IMPORTANTE - Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o resultado do tratamento e das técnicas de prevenção para uma fase mais grave, por isso ao sentir dor na base do polegar, não espere! Procure um médico especialista o quanto antes.

Dr. Lucas Macedo
CRM SP 178413