Fratura do Escafóide

O que é ?

O escafoide é um osso do punho localizado na região do carpo. Infelizmente a sua fratura é bastante comum, chegando a até 70% das fraturas dentre os ossos do carpo. Ocorre geralmente quando o indivíduo sofre uma queda com o punho estendido.

 

A fratura do escafoide pode ser classificada a depender da estabilidade, tempo de evolução e local em que ocorre o traço de fratura, de acordo com a classificação de Herbert e Fischer.

Tipo A – fraturas estáveis

A1 – fratura do tubérculo do escafoide
A2 – fratura incompleta do colo do escafoide

Tipo B – fraturas instáveis agudas

B1 – Fratura do polo distal
B2 – Fratura do colo
B3 – Fratura do polo proximal
B4 – Associado a luxação
B5 – Fratura com cominuição

Tipo C – Atraso de consolidação

Tipo D – Pseudoartrose (Não união estabelecida)

Como saber que quebrei o escafoide? Quais os sintomas?

Um dos problemas dessa fratura é que o escafóide é muito importante para a função geral do punho e da mão, pois articula tanto com o osso do rádio, quanto com os ossos das duas fileiras do carpo (semilunar, trapézio e trapezoide).

Por isso, quando ocorre a fratura do escafoide, a pessoa evolui com dor ao tentar realizar movimentos cotidianos com o punho, pode apresentar fraqueza para segurar objetos e edema na região tenar (palma da mão).

Mas cuidado! Em até 30% das fraturas do escafoide pode ocorrer um quadro clínico bastante silencioso, com dor leve semelhante a uma contusão simples, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento. Inclusive, até os médicos podem ter dificuldade de visualizar essa fratura nas radiografias iniciais, o que chamamos de “Fratura Oculta do Escafóide”. Por isso, quando ocorre um trauma no punho e a dor na região tenar ou tabaqueira anatômica persistem, deve-se procurar uma avaliação com ortopedista especializado em mãos para um correto diagnóstico e tratamento.

Quanto tempo leva para colar o osso escafoide?

As fraturas, de uma forma geral, levam de 6 a 8 semanas para consolidar. Esse processo de consolidação, quando ocorre da maneira correta, garante a formação de um tecido que une os dois fragmentos do osso fraturado e restaura a anatomia inicial.

Entretanto, é um processo biológico que depende de boas condições locais de vascularização. E aí é que temos um problema em relação ao osso escafoide: a sua vascularização se dá predominantemente de maneira retrógada, ou seja, o sangue chega no osso através de um caminho mais longo e difícil.

Por isso, em condições biológicas adversas (tabagismo, idade avançada, fraturas muito desviadas ou instáveis) ou em caso de tratamento inadequado, as fraturas do escafoide podem apresentar um retardo de consolidação ou até mesmo a não união (ou pseudoartrose do escafoide), um quadro crônico, que pode ser bastante doloroso e comprometer a função da mão e do punho.

Como tratar a fratura do escafoide?

As fraturas do escafoide podem ser tratadas de forma cirúrgica ou conservadora, a depender de cada caso.

O tratamento conservador é reservado para as fraturas sem desvio (o desvio deve ser avaliado por raio x, tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética). Tratar de forma conservadora consiste em imobilização com tala gessada ou órtese por um período médio de 8 semanas, seguido por sessões de fisioterapia ou terapia ocupacional para recuperação da força e mobilidade.

O tratamento cirúrgico é o melhor indicado nas fraturas desviadas do escafoide, mesmo que seja um desvio pequeno, pois a estabilidade óssea favorece o processo de consolidação, o que reduz o tempo de recuperação. A cirurgia consiste na fixação óssea com um parafuso passando pelo eixo do escafoide, ou com uso de placa com formato específico para esse tipo de lesão. As incisões costumam ser pequenas e a cirurgia pouco invasiva.

 

Pós cirurgia

A recuperação pós operatória nas fraturas de escafoide costuma ser favorável, com a mobilidade do punho sendo estimulada em torno de 1-2 semanas de pós operatório na maioria dos casos. Em torno de 8 semanas pós operatório, são realizados exames de imagem (em geral tomografia computadorizada) para confirmar a consolidação óssea. Entre 3 a 6 meses, as atividades cotidianas são realizadas sem dificuldades e alguns pacientes já conseguem realizar esportes.

Sequelas

A sequela mais temida da fratura de escafoide é a Não União do Escafóide, também conhecida como PSEUDOARTROSE DO ESCAFÓIDE. É um quadro grave, que cursa com degeneração das articulações do punho, dor e perda funcional. Como mencionamos anteriormente, pode ocorrer na falta de tratamento adequado, mas também pode acontecer mesmo nos casos tratados corretamente, se as condições biológicas do indivíduo não forem favoráveis.

Outras possíveis sequelas da fratura de escafoide são: rigidez de punho (por falha na reabilitação pós operatória ou pela própria gravidade do trauma inicial), infecção pós operatória (felizmente é raro) e distrofia (quadro autonômico disfuncional caracterizado por sudorese excessiva, dor e edema desproporcionais, felizmente também é raro).

Dr. Lucas Macedo
CRM SP 178413